quarta-feira, abril 30, 2008

A partida

Tenho sempre uma sensação estranha quando saio do meu mundo, apesar de saber que a recepção será única, custa-me um pouco entrar no desconhecido. Talvez porque tenha de me habituar a sair da minha concha, ou porque tudo me parece estranho. Desde as pessoas, aos cheiros, às paisagens e mesmo quando cai a noite, são-me desconhecidos os sons. Faço a viagem com a ânsia do encontro e com os receios do desconhecido. São momentos em que tenho tempo para pensar, repor a ordem nas minhas prioridades e tentar alhear-me do meu mundo para entrar no teu. Talvez seja só uma questão de hábito…

domingo, abril 20, 2008

Momento II

O silêncio nem sempre é a melhor resposta, ou talvez seja a mais apropriada. Foi-se apagando no tempo a vontade das palavras, o exprimir emoções para além do olhar. Tal como uma chama arde quando alimentada também ela se apaga quando abandonada. E aí só restam cinzas que sopradas pelo vento forte do espaço, desfazem-se pelo ar que as alimentava. Estende o corpo no sofá negro e viaja pelos meandros de uma memória que a fizeram ser o que hoje é. Ao cerrar os olhos vê-se livre, solta, feliz…enamorada. Pensa nos momentos em que explodiam dentro de si as palavras, onde nada tinha a não ser o sonho que lhe deram. Foi esse sonho que a destruiu, que a tornou incapaz de expressar o que lhe vai na alma. Foi esse sonho que entristeceu o seu olhar e que a fez deixar de acreditar. Hoje, luta contra esses fantasmas e quando lhe pede para ser mais quebra-se lhe o coração. Porque leva tempo a curar as feridas, porque há dores que não se vão embora sem serem tratadas. Por isso deixou que entrasse na sua vida um bálsamo. .Não lhe diz tantas vezes quantas queria como ele a faz feliz, como completa o seu lado selvagem ou mesmo como a ama, como o tempo se tornou menos solitário e como a faz sentir viva e única. Por isso, mesmo na ausência das palavras ela quer que ele entenda que faz parte de si, que é com ele que voltou para a vida e que se ele lhe der tempo e paciência talvez o que a atormente não deixe de ser só um momento e nada mais que um momento.

sexta-feira, abril 18, 2008

O banho

Tinha um único pensamento durante o percurso para casa. Estava encharcada e completamente regelada. Por isso, quando atingiu o seu andar, deixou a respiração soltar devagar, finalmente em casa. Mal fechada a porta foi retirando aos poucos as peças de roupa húmidas coladas ao corpo, deixando um rasto atrás de si até chegar ao quarto. A cama ainda que por uma fracção de segundos chamou pelo seu corpo cansado. Mas a vontade do banho interpôs-se. Deixadas as últimas peças íntimas no chão, dirigiu-se à casa de banho. Liga a água quente que logo inunda o espaço num vapor que vai aquecendo o corpo. Sentou-se na beira da banheira e deixou a mão passear-se pela água tinha o corpo completamente arrepiado e um desejo enorme do calor e do prazer de imergir o corpo cansado. Sentiu que faltava algo para completar aquele momento, acendeu umas velas e não deixou de colocar uns sais . e ficou ali, presa no tempo, a brincar com a água. Todo aquele vapor lhe deu a tranquilidade que precisava e fez deslizar o seu corpo frio naquela espuma. Não se recorda de quanto tempo permaneceu ali, porque fechara os olhos e só deixara os sentidos falarem mais alto. Quando saiu da banheira, envolveu o corpo numa toalha aquecida e dirigiu-se ao quarto. Trocou a toalha pela camisola preta e sentindo no corpo uns últimos resquícios de cansaço, deixou-se envolver pelos lençóis negros e adormeceu.

sábado, abril 12, 2008

Apesar do tempo






BOM FIM DE SEMANA

sexta-feira, abril 11, 2008

à espera

Tenho andado um pouco distraída ou abstraída do mundo. Acordo sempre com a sensação que deveria era ficar na cama, esconder-me do mundo e ficar quieta, pelo menos até esta chuva maldita passar. Confesso que gosto de chuva, das noites em que adormeço com o fustigar veloz de águas inquietas na minha janela. Mas, o meu corpo já começa a sentir nas suas entranhas a necessidade de luz e principalmente do calor. Estou com saudades do sol, das tardes na foz e do tempo quente. Estou cansada das roupas grossas, casacos e botas, do malfadado guarda-chuva e do cinzento dos dias. Não condiz este tempo com o meu estado de espírito. Por isso, nem tão pouco me tem apetecido escrever, vou deixando correr os dias no seu ritmo e sempre à espera que uma manhã destas, eu abra a janela do meu quarto e brinde a um dia solarengo e quente. Enquanto isso, vou deixando o chão enlameado e as noites frias fora da porta, à espera de dias melhores.

quinta-feira, abril 10, 2008

Então não?

quarta-feira, abril 09, 2008

The way you are

Desfilo em silêncio
A volúpia do momento
Arqueio os sentidos
Submissa a um poder maior
Sou cativa de mãos
Prisioneira de vontades
Escolho o repouso
No peito que me abraça
Na mão que me acalma
Na pele que desejo
Fazes-me sensual
Nos pequenos nadas
Sou mulher
Porque me fazes
A cada momento
Gostar um pouco mais de mim.
Transformas o meu estar
Num bem maior
Preocupas-te com coisas simples
Estás atento aos meus humores
Às minhas vontades
Até mesmo aos meus pensamentos.
Por isso desfilo em silêncio
Só para ti.

terça-feira, abril 08, 2008

Momento

Segues uma linha no meu corpo
Deixando um fogo por onde passas
Perdes tempo nos recantos que fazem-me mulher
Sentes o estremecer do meu corpo
Do mesmo modo que vibras com o gosto da minha pele.
Amas-me pelo toque, pelo sabor, pelo cheiro.
Permaneces dentro de mim mesmo depois de lá não estares.
Porque eu mantenho em mim o teu cheiro, o teu toque, o teu amor.

segunda-feira, abril 07, 2008

A "chama" da contestação

O percurso da chama olímpica pelo centro da capital francesa, Paris, teve de ser interrompido esta segunda-feira, por razões de segurança, depois de a tocha ter sido apagada por duas vezes devido a protestos de manifestantes pró-Tibete.
O primeiro incidente ocorreu logo na segunda paragem do percurso, realizado sob fortes medidas de segurança, a cerca de 200 metros da Torre Eiffel, no momento em que as autoridades aliviaram o dispositivo de segurança.
Na sequência do incidente, a tocha foi apagada e transportada para dentro de um autocarro, para protecção. A marcha foi retomada minutos mais tarde, mas passou a decorrer de forma muito lenta devido às muitas pessoas que tentavam impedir a passagem.
Após ter sido levada pela segunda vez para dentro do autocarro, foi realizada uma nova tentativa de prosseguir a marcha, com a tocha a ser transportada por um atleta paralímpico numa cadeira de rodas. Todavia, após ter sido apagada novamente, foi decidido interromper o percurso a pé.
Os incidentes de hoje seguem-se a uma passagem da chama olímpica igualmente agitada pelo centro de Londres, no Reino Unido, que levou as autoridades a deterem mais de três dezenas de manifestantes que protestavam contra o desrespeito dos Direitos Humanos no Tibete.

domingo, abril 06, 2008

Siza Vieira - Nova Fundação Iberê Camargo

A primeira obra do arquitecto Siza Vieira no Brasil, a nova sede da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, vai ser inaugurada dia 30 de Maio.
O edifício vai abrigar a produção de pinturas, desenhos, guaches e gravuras produzidas em mais de meio século por Iberê Camargo, considerado um dos mais importantes artistas do século XX no Brasil e na América do Sul.
Em finais de Janeiro, Siza Vieira esteve na capital gaúcha para acompanhar os últimos detalhes do projecto e fez questão de salientar que «embora cada detalhe seja importante, sempre impera o conjunto, sendo o equilíbrio a qualidade primordial da arquitectura».
A maqueta do projecto já foi apresentada pelo arquitecto em várias partes do Mundo e inclusive foi reconhecida internacionalmente, em 2002, ano de lançamento da pedra fundamental, com o troféu Leão de Ouro na Bienal de Arquitectura de Veneza.
A nova sede da Fundação Iberê Camargo foi projectada com o propósito de preservar o acervo de mais de quatro mil obras do mestre do expressionismo brasileiro e de ser um grande centro de debate, pesquisa e exposição da arte moderna e contemporânea.Siza Vieira é um dos mais conhecidos arquitectos contemporâneos e já foi galardoado com o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da arquitectura, atribuído pela Fundação Hyatt, de Chicago.

sábado, abril 05, 2008

TRI-CAMPEÃO


terça-feira, abril 01, 2008

eu...

Corpo
que arrefece
Pele que esfria
Mãos que quedam
No vazio
Sou pássaro engaiolado
Entre o que devo
E o que quero
Desejos proibidos
Estações pedidas
Palavras proferidas
No silêncio da lua
E Eu de corpo, nua