O banho
Tinha um único pensamento durante o percurso para casa. Estava encharcada e completamente regelada. Por isso, quando atingiu o seu andar, deixou a respiração soltar devagar, finalmente em casa. Mal fechada a porta foi retirando aos poucos as peças de roupa húmidas coladas ao corpo, deixando um rasto atrás de si até chegar ao quarto. A cama ainda que por uma fracção de segundos chamou pelo seu corpo cansado. Mas a vontade do banho interpôs-se. Deixadas as últimas peças íntimas no chão, dirigiu-se à casa de banho. Liga a água quente que logo inunda o espaço num vapor que vai aquecendo o corpo. Sentou-se na beira da banheira e deixou a mão passear-se pela água tinha o corpo completamente arrepiado e um desejo enorme do calor e do prazer de imergir o corpo cansado. Sentiu que faltava algo para completar aquele momento, acendeu umas velas e não deixou de colocar uns sais . e ficou ali, presa no tempo, a brincar com a água. Todo aquele vapor lhe deu a tranquilidade que precisava e fez deslizar o seu corpo frio naquela espuma. Não se recorda de quanto tempo permaneceu ali, porque fechara os olhos e só deixara os sentidos falarem mais alto. Quando saiu da banheira, envolveu o corpo numa toalha aquecida e dirigiu-se ao quarto. Trocou a toalha pela camisola preta e sentindo no corpo uns últimos resquícios de cansaço, deixou-se envolver pelos lençóis negros e adormeceu.
3 Comments:
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O TEU CORPO
Apetece-me a tua sensual pele,
Sentir-lhe o urfar do arrepio,
Quando carinhosamente te toco,
E amorosamente te entregas.
Dás-me a tua doce pele,
Que com ternura visto,
Quando com amor te envolvo,
E com paixão te invado o interior.
Dou-te com beleza a minha pele,
Que se entrega a ti,
Nesse único e sentido momento,
Vivo com felicidade.
O mistério do amor nasceu dentro de mim e tomou conta de todo o meu ser, da minha vontade, do meu pensamento, dos meus actos. O mistério do amor chegou e alojou-se em mim, e só por si aumentou a minha felicidade, porque amo e sou amado. Não comandamos os sentimentos nem as vontades alheias. Mal do ser humano que controla vontades e consciências alheias. O amor é como o raio de sol, a canção dos pássaros, o zumbir das abelhas, as flores aos nossos pés. Isso também é amor! Faz parte de nós, está à nossa volta e dentro de nós. Não há jeito de escapar. O amor, sendo um amor verdadeiro, é como um incêndio na floresta. A tudo ele consome e destrói. Tão violento que não existem meios de controlá-lo. É como uma tempestade no mar, violento e poderoso, pronto para destruir aqueles que tentam desafiá-lo! É uma força, um poder! Ele triunfa e conquista! Isto é o amor!
Não sei se nós existimos, ou se fiz minha a melhor fantasia. Apenas, continuo a dormir, para encontrar esse amor. Sou afeito aos sonhos e tenho os olhos guiados por luas que me inquietam o coração. Tomam-me em momentos quaisquer. Não sabem das determinações do tempo e do calendário que rege dias com compromissos, tarefas e actividades. Desorientam-me em suspiros matutinos, quando o sol já abraça o mundo. Continuo sem saber o que fazer, quando me ocupo a pensar. Isto me lembra contracções de parto. Amiúdes, em intervalos cada vez menores e renitentes. Percebo-me com a pulsação alterada, uma taquicardia inusitada, pois é a tal química do amor a dizer-se presente, como querem os cientista. Minhas mãos, a despeito do tempo, ainda guardam carícias sonhadas e já havia escutado que a ausência é atrevida. Nunca gostei dos ditados. Na sua maioria, limitam, aprisionam acções, distraindo a capacidade de pensar. Mas voltando a máxima, acima...Tolices, de quem nunca se deixou tocar pela possibilidade de amar. Nem desconfiam do desejo que aflora, pelo que não existiu de facto. Será que o amor sempre precisa de tacto, visão, cheiro e paladar? Alheamentos, de quem só sabe sentir, embora nem sempre compreenda, e por isso preciso do banho, do teu meigo banho para me purificar dia-a-dia.
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