A partida
This is what a voice says in my head when I try to get peace of mind.
O silêncio nem sempre é a melhor resposta, ou talvez seja a mais apropriada. Foi-se apagando no tempo a vontade das palavras, o exprimir emoções para além do olhar. Tal como uma chama arde quando alimentada também ela se apaga quando abandonada. E aí só restam cinzas que sopradas pelo vento forte do espaço, desfazem-se pelo ar que as alimentava. Estende o corpo no sofá negro e viaja pelos meandros de uma memória que a fizeram ser o que hoje é. Ao cerrar os olhos vê-se livre, solta, feliz…enamorada. Pensa nos momentos em que explodiam dentro de si as palavras, onde nada tinha a não ser o sonho que lhe deram. Foi esse sonho que a destruiu, que a tornou incapaz de expressar o que lhe vai na alma. Foi esse sonho que entristeceu o seu olhar e que a fez deixar de acreditar. Hoje, luta contra esses fantasmas e quando lhe pede para ser mais quebra-se lhe o coração. Porque leva tempo a curar as feridas, porque há dores que não se vão embora sem serem tratadas. Por isso deixou que entrasse na sua vida um bálsamo. .Não lhe diz tantas vezes quantas queria como ele a faz feliz, como completa o seu lado selvagem ou mesmo como a ama, como o tempo se tornou menos solitário e como a faz sentir viva e única. Por isso, mesmo na ausência das palavras ela quer que ele entenda que faz parte de si, que é com ele que voltou para a vida e que se ele lhe der tempo e paciência talvez o que a atormente não deixe de ser só um momento e nada mais que um momento.
Tinha um único pensamento durante o percurso para casa. Estava encharcada e completamente regelada. Por isso, quando atingiu o seu andar, deixou a respiração soltar devagar, finalmente em casa. Mal fechada a porta foi retirando aos poucos as peças de roupa húmidas coladas ao corpo, deixando um rasto atrás de si até chegar ao quarto. A cama ainda que por uma fracção de segundos chamou pelo seu corpo cansado. Mas a vontade do banho interpôs-se. Deixadas as últimas peças íntimas no chão, dirigiu-se à casa de banho. Liga a água quente que logo inunda o espaço num vapor que vai aquecendo o corpo. Sentou-se na beira da banheira e deixou a mão passear-se pela água tinha o corpo completamente arrepiado e um desejo enorme do calor e do prazer de imergir o corpo cansado. Sentiu que faltava algo para completar aquele momento, acendeu umas velas e não deixou de colocar uns sais . e ficou ali, presa no tempo, a brincar com a água. Todo aquele vapor lhe deu a tranquilidade que precisava e fez deslizar o seu corpo frio naquela espuma. Não se recorda de quanto tempo permaneceu ali, porque fechara os olhos e só deixara os sentidos falarem mais alto. Quando saiu da banheira, envolveu o corpo numa toalha aquecida e dirigiu-se ao quarto. Trocou a toalha pela camisola preta e sentindo no corpo uns últimos resquícios de cansaço, deixou-se envolver pelos lençóis negros e adormeceu.
Tenho andado um pouco distraída ou abstraída do mundo. Acordo sempre com a sensação que deveria era ficar na cama, esconder-me do mundo e ficar quieta, pelo menos até esta chuva maldita passar. Confesso que gosto de chuva, das noites em que adormeço com o fustigar veloz de águas inquietas na minha janela. Mas, o meu corpo já começa a sentir nas suas entranhas a necessidade de luz e principalmente do calor. Estou com saudades do sol, das tardes na foz e do tempo quente. Estou cansada das roupas grossas, casacos e botas, do malfadado guarda-chuva e do cinzento dos dias. Não condiz este tempo com o meu estado de espírito. Por isso, nem tão pouco me tem apetecido escrever, vou deixando correr os dias no seu ritmo e sempre à espera que uma manhã destas, eu abra a janela do meu quarto e brinde a um dia solarengo e quente. Enquanto isso, vou deixando o chão enlameado e as noites frias fora da porta, à espera de dias melhores.
Desfilo em silêncio
O percurso da chama olímpica pelo centro da capital francesa, Paris, teve de ser interrompido esta segunda-feira, por razões de segurança, depois de a tocha ter sido apagada por duas vezes devido a protestos de manifestantes pró-Tibete.
A primeira obra do arquitecto Siza Vieira no Brasil, a nova sede da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, vai ser inaugurada dia 30 de Maio.