segunda-feira, outubro 13, 2008

Saudade

Acendo o último cigarro da noite, e a espiral de fumo faz-me voltar a um outro ponto, a um outro momento, a um outro eu. Sem contar, sinto os olhos rasos de água e uma lágrima que teima em quebrar. Já há tão tempo que o meu pensamento não ia tão longe ou tão fundo de mim…lembro-me vagamente do som de uma gargalhada que eu dava e mesmo da forma estranha que eu andava. Lembro-me de ser feliz. Completamente feliz. Os batimentos acelerados , a pulsação descontrolada, o nó na garganta e a felicidade de me segurares a mão.
Recordo-te da mesma forma como te amei, intenso, pleno de vida e um porto seguro quando me abraçavas. O primeiro beijo foi uma sensação de finalmente estar em casa, mesmo que eu não soubesse ainda o que era estar em casa. Foi devastador e eu tremia, insegura nas tuas pernas. Acho que nem eu nem tu saberíamos dizer quem mais tremeu naquela tarde… Intenso, amoroso, meigo e uma profunda descoberta de como era bom amar alguém.
Quando o dia findou, eu trazia a luz comigo e caminhava sobre as nuvens. Se houve algum momento na minha vida que eu quisesse repetir seria essa tarde de Outono e se eu pudesse voltar, serias tu, que estarias aqui, agora neste lugar.