sexta-feira, outubro 10, 2008

Alma Mater

Ah, minha companheira eterna, quando olho assim para ti, nua e crua, sinto-te cansada, valente guerreira, simplesmente despedaçada. Já manta de retalhos e eu sem linha …
Ouço o teu gemido em sussurro, como quando criança, com o medo do escuro. Lutas inglórias, transeuntes cruéis, viajantes errantes, tudo acolheste, tudo deste, tudo foste. Ah, minha parte incerta, meu complemento, minha essência. Trilhamos já tanto caminho, voamos em tantos céus, mergulhamos em tantos mares…
Ah, companheira das tormentas, não me abandones agora, prometo irmos mundo fora!
Sei que não te devolverei a tua glória, mas apenas te quero minha de novo, remendada talvez, por esta encruzilhada a que chamamos vida. Já fomos tanto… e seremos mais, por isso te rogo em prece muda, companheira minha, desfaz o tempo, as memórias e as dores do antigamente… Preciso de ti, tal como és, tal como estás, porque não suporto ver-te caída, sem sol nem vida. Porque ainda não é o teu tempo, porque ainda fazes falta, porque nada sou sem ti, minha alma, mesmo que nua, crua e vazia.