quarta-feira, junho 17, 2009

Foste

Amei-te com a força das marés, com os tormentos dos navegadores, com o medo sempre de te perder se conseguisse chegar à praia.
Amei-te entre a chuva, a água que cobria o meu corpo e a lama que salpicava no meu andar.
Amei-te com a força das árvores, do vento que as atormenta e fustiga os seus galhos partidos.
Amei-te com o calor do fogo, nas labaredas que o vento dança, nas cinzas de cada amanhecer.
Amei-te com o cheiro da terra, envolta de prados primaveris e estios abrasadores.
Amei-te nas mãos, no corpo, na face e no coração.
Amei-te como senão houvesse amanha, ontem ou hoje.
Amei-te porque tinha de te ter amado.
Amei-te porque me estavas traçado.
Amei-te de forma tal, que deixei que esse amor morresse nos intervalos da vida.
Porque não bastou amar-te, porque simplesmente não era para durar.
Foste as quatro estações num só momento.
Foste os rios, mares e pequenos riachos que correram nas minhas veias.
Foste ruído, silêncio, paz e guerra.
Foste porque quis que tivesses sido.
Foste, simplesmente.