terça-feira, julho 01, 2008

O meu adeus

Hoje perdi um amigo. Na minha alma morre um pequeno pedaço de tempo e memórias.
Era reconfortante saber que mesmo longe, ou não presente, ele lembrava-se de mim. Preocupavas -se comigo, do seu jeito é claro. Mas eu gostava de saber que qual fosse o momento ou motivo, ele estaria lá, eu pelo menos estive, sempre.
Estou enlutada de corpo e alma, sem pressa em respirar, e ainda sem entender.
Lutamos sempre por manter, apesar do nosso mau feitio, aquela ligação que de tão rara ninguém a compreendia. As vezes nem nós.
Por isso me doí esta partida, esta ausência, porque me falta a minha rede, o meu conselheiro, as conversas profundas ou mesmo as zangas.
Quem diz que não se pode amar um amigo? Sem esperar que seja algo carnal e que seja somente afectivo. Connosco o explicito estava implícito. De todos os meus amigos, os verdadeiros, era com ele que eu queria um dia sentar-me num jardim, velhos e cansados e conversar como nos velhos tempos.
Era com ele que eu iria percorrer a minha vida, desabafar os altos e baixos.
Sei que a vida é como um comboio, entram pessoas em cada apeadeiro, umas ficam por uns tempo e não deixam memórias, outras, ficam ao nosso lado, mesmo que não sigamos o mesmo caminho, outros que apesar de fugaz o contacto marcam-nos para todo o resto da nossa viagem.
O meu amigo, entrou numa estação qualquer da minha vida para ficar. Para construir memórias e sentimentos, pelo menos era o que eu pensava. Mas mais uma vez, os trilhos da vida faz-nos cair em armadilhas e sem saber porque, perdemos. Perdemos o muito que era e o muito que poderíamos ser como amigos. Resta-me o adeus, porque saíste no local que pretendias e não me levaste junto. Hoje perdi um amigo. Mas o comboio contínua, só não sei como seguirei a minha viagem sem o meu amigo.
Talvez da forma como ele gostaria que eu seguisse, em frente e sem olhar mais para trás…