quarta-feira, março 07, 2007

A vida em arte

Enquanto artista circense, era especialista na arte da representação, sorria sempre e encantava, escondendo como o palhaço, os traços que os lápis coloridos espelham no rosto, um sorriso perfeito.
Criava a magia na leitura. Foi sempre a sua paixão. O aventurar-se nas linhas escritas, levavam-na para longe, sempre para locais e pessoas que nada pareciam ser reais, mas que ao passar a página, ganhavam vida, e faziam-na viver.
Durante anos andou feita malabarista, com os problemas em forma de bolas, tentando mantê-las sempre a giram e no ar.
Actuava em palco próprio, envolta numa capa negra, contraste com o vestido vermelho, brilhava sobre os holofotes da fama, sorrindo, sempre.
Representou a filha, a irmã, a sobrinha, a neta, a amiga, a namorada, a amante, a companheira, a mulher, a mãe, a profissional, a intelectual, a que quer lá saber, a desleixada, a encantada, a adormecida, a pobre, a rica.
Representou a morte com lágrimas verdadeiras, amou sem sexo, e pelo sexo foi amada.
Encantou plateias, entreteve o seu público, sempre com um sorriso.
Sonhou que sonhava, amou como se fosse amada e desapareceu.