domingo, setembro 14, 2008

Hoje nada me apetece mais que o silêncio

Desligo-me do mundo quando rodo a chave de casa, deixo para trás o telemovél e saio para este tempo incerto, em busca de ti. Como companhia trago papel e caneta. Quando me sento perto de ti, logo sou invadida pelo teu cheiro acre e forte. Estás revoltado, sinto-te inquieto, como enjaulado na tua dimensão. Fustigas o espaço, depois pareces adormecer nos meus braços, mas logo te envolves numa fugidia guerra entre onde queres estar e onde te levam os impulsos. Sinto que o horizonte já nada te diz mas no entanto é lá sempre que tu adormeces.
É tão poderosa a tua presença como relaxante, apaziguadora e terna. Facilmente enganas a quem pensa que lhe pertences, porque voltas sempre para onde queres e só levas contigo quem desafia o teu modo de ser. Por vezes sinto-te perdido, quase como se estivesses numa dúbia existência. Por isso me sento a teu lado e ouço-te. Porque me trazes a calma e explicas as minhas fúrias. Fazes-me sempre sentir bem-vinda porque sabes que me vou embora, mais cedo ou mais tarde. Não ouso sequer quebrar o teu movimento, pelo contrário, deixo que a minha mão te percorra devagar e acabo por ter a tua bênção.