A nu
Tenho andado de humores variados, não o faço porque quero, apenas estou cansada. Melhor, esgotada. Foi um ano extremamente difícil, complicado e o que começou por ser algo positivo virou a pesadelo. Não tenho mau feitio, apenas dificuldade em lidar com as emoções. Já deveria ter aprendido que as pessoas são o que são e pouco ou nada as faz mudar. Eu não vou mudar, sou de marés, sou tanto mar calmo como por instantes levantasse em mim uma furiosa tempestade que só eu sei controlar. Por isso sei ser difícil de “lidar”. Estou muito mais introspectiva e exigente. Dei comigo, nestes últimos tempos a romper com pessoas e situações que se tinham tornado insuportáveis de continuar. Quebrei com laços extremamente profundos…Se estou arrependida? Não! Decididamente, não. Tenho um amigo que me diz que eu sou tão racionalista para determinadas coisas que não entende um outro lado meu que tão poucos conhecem. Mas até a desses eu quero distância. Magoa muito menos assim, eu própria deixo de magoar-me tanto. Hoje interesso-me por mim, única e exclusivamente. A minha mãe costumava-me dizer que nascemos sós e morremos sós… Quero embrenhar-me nesta solidão, onde o tempo passa como eu quero e com quero. Quebrar laços é sempre difícil, não digo que esteja isenta de um misto de sentimentos entre o que foi e o que vai ser, mas vistas as coisas, não estive sempre a colar pedaços? Não fui sempre a que pedia, a que relegava, a que pedia desculpa, a que segurava o mau tempo com um sorriso? A que desculpava comportamentos, ou mesmo ausência deles? Estou farta de tentar entender as pessoas e os seus mundos, quando estas nem se esforçam um pouco para perceber como andará o meu mundo. Porquê agora esta confissão, onde me coloco a nu, sem nada a esconder? Porque recebi um email que me fez voltar no tempo e lembrar-me da pessoa que eu já fui e porque já está na altura de eu me perdoar, esquecer os fantasmas que me prendem, da ausência que deixaste e porque sei que não era esta a filha que tu gostarias de ver. Não foi esta pessoa que tu amaste. Vou sair nesta estação. Mudar o rumo da minha viagem e crescer.
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