quarta-feira, novembro 28, 2007

Ninguém disse

Ninguém disse que seria fácil esquecer um amor. Ninguém falou da dor ou do desencanto. Das noites que custam a chegar num sono rodeado de imagens, sons e palavras.
Ninguém explicou que a ausência tece a sua teia recolhendo os destroços que pairam no pensamento. Ninguém disse que a dor da partida é insuportável e que asfixia ou que o nó preso na garganta não vai embora. Ninguém deixou uma mensagem ao coração para ele parar de bater a ritmos descontroláveis. Ou que o sol se esconde num ocaso negro e feio. Que a água deixa de ter o mesmo sabor e que a comida permanece num prato frio.
Ninguém falou das carícias que o corpo se ressente ou do abraço que abarcava o mundo num só gesto. Mas também ninguém disse que tal como vem, o amor vai, desfaz-se como anéis de fumo num fugaz pensamento. Ninguém disse que seria fácil porque ninguém gosta de falar sobre outros dias ou outras glórias. Fica o silêncio, porque custa deixar de amar, faz sentir que algo se desloca do seu espaço, que se perde o caminho, que o destino tem outro rumo.
Mas mais do que esquecer um amor é tentar viver um outro. E para isso, também ninguém disse que era fácil. E era suposto ser mais fácil...