Chuvas
Num momento que tive tempo, olhei para lá fora.
Deixei a minha testa encostar devagarinho no vidro frio.
Gotas percorriam um caminho único para lado nenhum.
Unindo-se de vez enquando, como se outra gota soubesse a direcção ou o sentido das suas existências.
Deixei-me ficar a ver o tempo ir.
O céu cinzento e carregado deu-me o cheiro do Outono, de queda, de transformação.
Deu-me o cheiro de infância.
Uma poça tinha se formado…
Apeteceu-me sair do meu lugar e ir pular naquela água, como criança.
Enquanto a chuva caía, aquelas pequenas gotas juntavam-se, uniam-se, formando um tecido de vida na janela.
Deixei a fronte colada lá, na infância, na poça, no cheiro do Outono, enquanto espero que a luz do sol venha banhar o meu corpo adulto.
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