sábado, maio 12, 2007

Reencontros

Ao ouvir a sua voz fê-la parar, não contava vê-lo, jamais. Tinham traçados caminhos diferentes e abertos os seus mundos a coisas novas. Nada como uma voz do passado para olharmo-nos no espelho de uma outra forma.
Não fora o sol que não a deixara vê-lo correctamente, foram os seus olhos que a traíram. Não se lembrava dele tão alto.
E os seus olhos pararam no seu peito. Não conseguia elevar o seu olhar,
Sabia a cor dos seus olhos como quem se lembra de um por de sol único. Por força das circunstâncias elevou o rosto. Pela sombra que o seu corpo traçava, viu-o.
Não foi o tempo que parou, esqueceu-se de respirar por um longo tempo. Aquele sorriso entrou no seu corpo feito corrente eléctrica activando todos os nervos. Quais fios eléctricos despertaram no seu cérebro campainhas de alarme. Ficaram parados.
Olhando-se como da primeira vez que tinham cruzado os seus olhos num corredor da escola. Voltou a corar da mesma forma que há vinte anos atrás. E apesar da protecção dos óculos escuros sentiu-o observar cada traço seu.
Despertou com a mudança de posição do seu corpo. Aí a luz foi mais forte e obrigou-a a tirar os óculos. Tinha de ver o que o tempo lhe tinha feito.
Nada! Absolutamente nada. Melhor, tinha o posto com os traços mais marcados e os olhos ainda mais verdes e brilhantes. O sorriso estava lá, o mesmo, talvez mais charmoso ainda e a voz…essa ainda ecoa no seu pensamento neste momento.