segunda-feira, maio 14, 2007

Deixo-me

Deixo cair-me na tua calma, por entre os lençóis de água desse rio que tão bem conheço.
Deixo a água correr pela minha pele em suaves toques de prazer.
Sinto-me entre as forças da natureza onde essa água aplaca o meu fogo.
No meu ventre o gosto da terra que me criou, onde se elevam os meus cabelos varridos na fúria do teu vento.
Fecho a alma por uns momentos, nada sinto a não ser a carícia deixada no meu colo.
Sinto o teu corpo colado ao meu, colo as minhas costas à parede fria e como sinal da natureza ofereço-me a ti.
Deixo-te percorrer como espuma em rio turbulento os recantos deste corpo abandonado ao prazer.
Secas-me as lágrimas do suor do meu rosto em beijos de mel e avelã.
Passas o tempo por entre as gotas do meu olhar em forma de aroma primaveril.
Amoleço o corpo em sinal de resignação e encobres-me com protecção.
Aconchego o meu cansaço nos teus braços e depois de fechar o nosso rio, carregas-me para outros lençóis e amas-me.