domingo, dezembro 03, 2006

O meu anjo

Hoje tirei o dia para mais uma tarefa que tinha vindo a adiar. Ao passear pelas ruas do meu Porto, inebriada pelo cheiro das castanhas e do frio que se sentia, lembrei-me que estava a chegar aquela época que transforma os nossos dias.
É impossível ficar-se indiferente a tanta cor e luz que nos rodeia.
Peguei no baú das memórias que mantiveste durante todo este tempo e abri-o, devagar, e tal como a criança que fui um dia, retirei todos os enfeites de Natais passados.
Ao retirar tão precisos tesouros, fui lembrando de quando os compraste. Tinhas por hábito transformar a árvore todos os anos de formas e cores diferentes, por isso por entre as bolas de natal e todos os outros enfeites foi com agradável surpresa que encontrei uma bola que eu própria tinha feito há muitos anos atrás. Pensar que ela conseguiu resistir a tantas alterações e movimentos mais bruscos que a vida tem, deu-me força suficiente para em tua memória tentar de forma atrapalhada, confesso, reconstruir um pouco do espírito que sempre te contagiava nesta altura.
Lembro-me que a parte mais bonita desse empreendimento era quando, tudo aparentemente no sítio, ligava-mos as luzes…
Hoje, ao fazer a minha primeira árvore de Natal, senti-te mais perto, muito mais perto e quando duas horas depois eu dava por terminado o meu trabalho ao colocar aquela bola, não pude de deixar de pensar que algures deverás ter sentido orgulho em mim, por ter conseguido.
Hoje, ao deitar-me vou deixar as luzes da árvore acesas, porque no alto dessa árvore está o último anjo que compras-te…porque no alto dessa árvore, estás tu.