sexta-feira, abril 20, 2007

A minha paz

Quando penso que já estou mais habituada ao meio, as expressões, ao cheiro, aos rostos cobertos de dores impossíveis de controlar mas ainda assim com um meio sorriso quando me aproximo, quebra-se algo dentro de mim e confesso que me apetece fugir, sair pela porta mais perto e respirar de novo um ar carregado de vida.
Mantenho o olhar firme porque sei que a pena transmitida dói ainda mais. Forço um sorriso porque não é o meu pesar que irá os ajudar.
Gosto das linhas dos seus rostos, marcam uma existência que não deveria terminar assim, não desta forma. Gosto do calor que as suas mãos transmitem e a forma como me acolhem.
Quando passo pelos quartos e sento-me a ouvir, há uma luz que ilumina os seus rostos.
São histórias partilhadas, desabafos de quem nada espera e eu ouço embevecida pelas suas memórias, pelos seus feitos, pelo que viveram e deram á vida.
São eles que me dão a paz, eu, fico ali, perdida nas páginas de vidas cheias, entre fotografias e emoções, só a segurar a mão que ainda os liga ao presente.