terça-feira, fevereiro 27, 2007

O Lobo e a sombra

"Certo dia, já no fim de uma tarde de sol, o lobo ficou surpreendido com a sua sombra projectada no chão, uma enorme sombra como nunca vira.Encheu-se de vaidade e importância, dizendo consigo: que bicho maravilhoso eu sou. Nunca vi um animal tão grande! O leão diz que é o rei dos animais, mas não tem metade do meu tamanho. Daqui para a frente, vou eu ser o rei... E caminhou para a frente e para trás, em pose magestática, planeando as coisas fantásticas que iria fazer como rei.Estava tão ocupado nestes planos que nem viu um leão que saltou do mato, o abateu e devorou em seguida. - Que lobo pateta! - disse o leão lambendo os lábios. E continuou: todos sabem que às vezes as nossas sombras são grandes, outras vezes pequenas e às vezes nem sequer temos nenhuma."
À semelhança do lobo, o ser humano pode cair na tentação de se enfatuar, hipervalorizar os seus feitos, as suas capacidades, julgando-se os maiores e os melhores do mundo. E tudo não passa de uma sombra enganadora. O ideal, para evitar desilusões e sofrimento, seria o aceitar da verdadeira sombra, reconhecendo as nossas capacidades e também a nossa fragilidade, a nossa pequenez, a nossa mediania.Ou então sermos objectivos connosco, reconhecendo que há situações em que não temos sombra nenhuma, porque nos falta a capacidade para certos trabalhos, para certos cargos, para certas missões. E é bom ter presente que, muitas vezes, os que se orgulham com a sua sombra empolada são abatidos do pedestal da sua vanglória, pódio de barro quebradiço e vão.