Pax Interiore
Senti como há muito tempo não sentia uma certa paz.
Acho que deixei de tentar manter o balão no ar… queimei o último oxigénio que o fazia pairar.
Acontece quando olhamos à nossa volta e vê-mos que não vale a pena mudar o curso do rio, por mais voltas que dê, acaba sempre no mar.
Gostei de andar nesse rio, teve momentos de êxtase quando descia os rápidos, teve alguns momentos em que simplesmente apreciava a paisagem que os teus braços me mostravam.
Teve até momentos em que eu duvidei da minha capacidade de nadadora sobrevivente quando o caudal do rio enchia em demasia.
Tive direito a feridas de tantas vezes ir contra as rochas e até mesmo momentos em que a água se confundia com as lágrimas que eu vertia.
Teve momentos que a tua água me aquecia tão depressa como me gelava o corpo e a alma.
Apesar de riscos que se correm quando se embarca num rio como o teu, eu estive lá, firme, lutadora, invencível…
Apeie várias vezes, mas sempre voltava a esse teu rio, era a adrenalina que me corre nas veias, eras tu que me corrias no sangue.
Hoje, ao ver aquele mar, lembrei-me do teu rio.
Dei por mim não ainda chegada ao mar!
E isso fez-me ver o teu rio nas suas verdadeiras cores.
E decididamente não gosto dessas cores!!!
A minha praia é outra, o meu arco-íris não é cinzento.
A minha vida é muito mais que um barco furado.
Eu sou mais que uma sobrevivente.
Eu sou um rio.
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