sábado, dezembro 23, 2006

Porque é Natal

Vou esquecer as palavras duras que ouvi, as zangas desnecessárias, as palavras não ditas, o silêncio provocado, a raiva interior, o desalento, o desamor, a perda, a solidão, o mau feitio, a filha, a inconstância, o medo, a insegurança, a dor que por vós trago, o desespero, as injurias aos maus condutores, o facto de te esquecerem, a falta que me fazes, o choro, as brancas que aparecem, o corpo que se ressente, a alma que permanece sombria, as dores físicas, os desencontros, o silêncio, a estupidez, a vergonha, as noites frias sem ti, a felicidade aparente dos outros, as horas passadas no trânsito, os acordares agrestes, o barulho dos miúdos, a incompreensão e mesquinhes dos adultos…

Porque é Natal, vou lembrar-me da minha família, de amigos recentes, de encontros antigos, dos amigos de longa data, do sol que às vezes também me acaricia a pele, do amor demonstrado nos piores momentos, das gargalhadas dadas, dos abraços recebidos, dos olhares compreensivos, do barulho das crianças e o quanto eu aprendo com eles, do colo que me foi dado, de palavras que me ajudaram a ser uma melhor pessoa, o aceitar as pessoas tais como são, do facto dos meus pais iluminarem a minha vida mesmo não estando presentes.

Porque é Natal, vou acreditar.