sábado, abril 10, 2010

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O que faz o corpo que jaz em calmas águas do mar? Que balança a cada nova onda, sem resistência, sem vontade… Ali, perdido entre a espuma das ondas e tão longe da praia? Deveria pedir ajuda talvez, alguém que a tirasse daquela inércia. Olha o céu azul por entre salpicos de água salgada. È para lá que quer voar, é lá que quer chegar. Deixa de respirar e mergulha. O seu corpo já não lhe pertence. Ela já não está ali.
No momento que abandona todas as soluções, toma uma decisão. Os olhos mantém-nos abertos, porque ainda vê a luz do sol, mas deixa o corpo pesar mais que a vida e pára novamente de respirar. Há anos que procurava aquela paz, aquele silêncio, o seu túmulo, a sua partida, o seu regresso a si. Sente a vida fugir a cada golfada de água… Nada mais importa e o seu último pensamento está na água que lhe enche os pulmões, salgada, azul, escura, perfeita. Lá longe, ouve-se uma voz depois mais vozes e mais vozes, qual coro celestial, pensa. Sente o seu coração perder o tom, ultimo dos sinais da sua existência. Finge não ouvir as vozes que a reclamam, que a querem fora do seu túmulo. Tarde demais… Só quer adormecer, e por isso, fecha os olhos e sorri para o seu mar. Sem alma, sem corpo, sem vida… Por fim livre.