Desfaço-me em partículas do nada
Em feto deitada, deixo preso no silêncio o grito que sustento de uma dor que não quero.
Atormentam-me imagens desfocadas de corpos juntos em leitos separados.
Perco o ritmo do batimento deste coração farrapo.
Esqueço-me quase de respirar, não vá o grito se soltar.
E feridas abertas, fustigadas pela memória carregam-me o corpo morto deste peso que é a vida.
Se esqueço o tempo, é porque não aguento os segundos passarem, os minutos arrastarem-se e as horas perderem-se num movimento lento.
E de desalento vivo, de porta em porta, de procura e vazio.
Vazio no ser que deixa a ilusão ofuscar as temeridades.
Temo, sim, por mim, por ti, por um nós.
Esse nó que me atravessa o corpo, debruçado na minha poça de cruel realidade.
Porque sou real, realmente enamorada de coração estilhaçado, perdido e abandonado.
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