Esta minha estranha forma de ser
Encosto a minha cabeça por entre as almofadas e cerro os olhos.
Sinto que o corpo relaxa e que tempo passa devagar por entre as reminiscências do pensamento.
Dou comigo num determinado trilho, sigo a voz que me chama, que me sussurra palavras de um amor.
Quando perto, deixo de ouvir a voz que encanta e embala a minha alma.
Outros sons assaltam-me o pensar.
Quererei eu seguir esse trilho que mil vezes adivinhei o seu fim?
Quererei eu voltar aos braços que me seguram durante segundos e me separam por meses?
Conheço cada pedra cinzelada, cada curva, declive e o seu fim.
Conheço a voz, os trejeitos, o pensamento e a fuga.
Conheço a ausência, o parecer, o não ter, o querer sem querer.
Conheço o abandono, o descontentamento, a ausência da verdade.
A liberdade de chegar e fingir não haver um lapso no tempo,
Que se embrulham as horas em segundos.
Quererei eu esse percurso gasto?
Esse futuro que não mais existirá?
Será que o meu amor não chegou ao fim?
Será que quero porque já conheço e não consigo partir para o desconhecido?
Há uma voz que me chama e toda uma existência que o não é…
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